sexta-feira, 27 de maio de 2011

LUA, LUAR, TOMA O TEU ANDAR




“Meu Deus, será que eu crio essa menina? “ – Valéria contou que ouviu a frase da boca da mãe de Maria Eduarda, uma menina down que estuda na mesma escola de João Victor. A mãe de Dudinha confessou que carregou essa dúvida, silenciosamente, durante toda a primeira infância da sua filha. Só relaxou depois que ela passou dos 5 anos de idade. Diz ela ser impossível contar quantas vezes saiu de Goiana para o Recife, desesperada em busca de socorro médico para tratar uma febre repentina, uma tosse que não dava trégua, uma provável “virose”.

A antiga dúvida dela, tem horas que é minha. mesmo que seja por 1 fração de segundos, a frase estala na minha mente. E vem junto com uma cantiga de roda que aprendi na faculdade de música:


“Lua, lua, toma o teu andar / pega esta criança e me ajuda a criar / depois de criada retorna a me dar / lua, lua, luar, toma o teu anda”

Todo mundo diz que é assim mesmo. Que criança em idade escolar tem uma virose atrás da outra. Que passa. Aff... mas como passa devagar. Dizem que depois dos 5 anos isso estabiliza. Queira Deus que sim.

Desde novembro do ano passado que João Victor não passa um mês sem ficar doente. Fora a dengue e o furúnculo que ganhou junto com o pai, geralmente tem algum tido de gripe ou essas doenças que os médicos não sabem diagnosticar e chamam simplesmente de virose.

Agora está saindo de uma gripe pesada, duas semanas depois de tomar a primeira dose da vacina contra a gripe.

Terça-feira, levei-o a pediatra, no Recife. Na ausculta ela suspeitou de pneumonia e nos mandou fazer um raio- x com urgência. Saímos do consultório dela com o antibiótico na bolsa para usar no caso de confirmada a suspeita. Fomos direto à emergência do Santa Joana, isso mais de 17 horas. Às 21:30 depois de uma medicação para febre frustrada pelo banho de vômito que ele nos deu logo em seguida, saímos de lá com um raio-x de pulmão manchado, porém não eram manchas de pneumonia. Um pouco aliviados, certos de que era só mais um gripe, constamos aos chegar em casa, por volta das 23 horas, que a respiração dele estava muito forçada. A agonia não dava trégua.

Por Valéria teríamos voltado ao Recife na mesma hora. Mas estávamos, todos, um bagaço só. Desde o meio dia na estrada. Descansar era o melhor remédio para nós três.


Mas a noite foi longa, como longa tinha sido a do domingo para segunda e da segunda para terça. Nessas três noites dormi menos de 7 horas, ao todo.

Na quarta, foi impossível chegar no trabalho na hora certa. Às 8:30 eu estava acordando, depois do quinhão de 3 horas de sono a que tive direito na noite.

O sintoma de respiração cansada nos fez apelar para a cardio-pediatra. Fizemos a consulta ontem. Ela descartou qualquer problema cardíaco e confirmou o quadro de não pneumonia, mas, devido aos ruídos na ausculta e ao cansaço noturno, ela achou por bem tratar dele com os antibióticos reservados para a pneumonia.

Agora ele dorme tranquilo. A respiração já se normalizou. Está quase curado. O xarope para a tose, as nebulizações, o antibiótico, a água em abundância e, principalmente, o carinho dos pais parece que estão fazendo um bom efeito e hoje ele já voltou a fazer arte. Dando os transtornos que só ele sabe fazer e que, em vez de nos deixar bravos, rimos da situação. Como no caso do balde cheio d’água que hoje à noite, num descuido meu, ele entornou na sala.

Quando ele ri, meu mundo se ilumina com a esperança que vou conseguir criá-lo sim. E Sem apelar para a lua.
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