terça-feira, 19 de julho de 2011

QUEM FAZ MEDO PRA MEDIAL?


A cantiga debochada dos 3 porquinhos até serve pra fazer rima com a o nome da operadora de plano de saúde que tentou barrar João Victor. Mas preferi o trocadilho que intitula esse post. Afinal do que uma grupo empresarial que controla 3 operadoras de plano de saúde (Amil, Medial e Excelsior) tem medo?

Por mais poderosa e auto confiante, auto suficiente e autoritária que queira ser, toda grande empresa morre de medo de ter prejuízo decorrente de indenizações judiciais, sim porque a Justiça é morosa e tardia, mas um dia ela apresenta a fatura e alguém tem de pagar.

Uma grande empresa, seja ela qual for, morre de medo de fazer seus diretores e gerentes terem de passar pelo depor numa delegacia de polícia, mesmo que seja uma especializada de crimes das relações de consumo.

Não quer, também, correr o risco de responder a processos administrativos nas agências de controle do governo federal. No caso das operadoras de planos de saúde, nenhuma delas gosta de ser autuada pela ANS (http://www.ans.gov.br/).

Porém, o que assusta mesmo esses grupos é ficar mal na fita. É péssimo para os negócios passar por vilão numa conjuntura em que expressões como “inclusão” e “responsabilidade social” estão na moda. É mesmo um desastre para os negócios ser vilão numa história cujo enredo mistura preconceito, criança com Down e poder econômico.

Pois foi tanta gente reclamando, mandando e-mail pra Medial, ligando pro 0800, espalhando o caso através do face book, Orkut, blogs etc, que nem precisei usar metade do arsenal legal/institucional disponível e a Medial já resolveu voltar atrás e, mesmo a contragosto fez a inclusão de João Victor.

Quinta-feira fomos chamados para a perícia e hoje assinei, no escritório deles no Recife, nova solicitação de adesão. Na presença de uma testemunha cumpri todas as formalidades, fiz o pagamento e recebi a informação do funcionário que até o final desta semanas a inclusão estará implatada no sistema e João Victor poderá ser atendido normalmente, inclusive com algumas carências reduzidas.

Agora, como diz meu amigo Marx Igor, João Victor é o menino “mais planejado” que existe. Tem 3 planos de saúde, Ideal, Unimed e Medial. Lógico que vou cancelar a Unimed, de imediato, e o Ideal assim que ele sair das pré-existências também ficará pra trás. Mas, por um bom tempo terá que ficar com dois mesmo.

Isso é o de menos. Só espero que já tenha tido todos os aborrecimentos possíveis com a Medial, que daqui por diante a relação seja pacífica, que cada um cumpra sua parte: eu pagando em dia e eles garantindo o serviço com a qualidade que anunciam. Se for assim, tudo será bom, mas se não, não temo a refrega. Se é pra defender meu filho, nada me mete medo.

E tudo fica mais fácil quando se tem amigos. Obrigado a todos vocês... por essa, e por outras.
.
.
.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

MOTIVO E MOTIVAÇÃO PARA LUTAR ( ou Por que precisamos enfrentar um leão a cada esquina?)


Eu sabia que não seria fácil, mas também não imaginava que seria tão trabalhoso.

Não é difícil ser pai de uma pessoa com necessidades especiais. É trabalhoso, apenas trabalhoso. Nada vem fácil, “não há vitória sem luta”, mal ensaiamos a comemoração de uma conquista e já se avista nova peleja.

Em post antigo falei da inclusão de João Victor em um bom plano de saúde, mas nem precisei usar pra descobrir que não atendia às nossas necessidades. O tal plano, UNIMED Joao Pessoa, afora-se em oferecer cobertura nacional, mas, na gripe braba do João, que beirou a pneumonia, quando estivemos na emergência do Sta. Joana, tive a ideia de averiguar se lá poderia usar a Unimed recém contrata, obvio, depois de passado o período de carência. Ai a moça pediu para ver a carteirinha, olhou o documento e resolveu minha dúvida em duas frases: “ não tem escrito ‘rede nacional ‘, aqui não aceita”. Depois liguei para Unimed e me avisaram que o plano de João Victor é de cobertura nacional, p-o-r-é-m, não cobre hospitais de alto custo e que, no Recife, os tais hospitais de alto custo são o Português, Santa Joana, São Marcos, São José e Hospital Esperança. Ora, se o plano “top” da Unimed João Pessoa não é aceito nos melhores hospitais do Recife, o que será de nós se precisar ir ao HCor?

Desiludido da Unimed, voltei às pesquisas e resolvi contratar a MEDIAL SAÚDE, com cobertura nacional e com direito a bons hospitais, inclusive o HCor. Assinei o contrato e paguei a primeira parcela à corretora, que ficou de me contactar para agendar a perícia que o plano exige, especialmente porque declarei que ele já fez cirurgia cardíaca e tem síndrome de down.

Sei que desde semana passada que tento em vão agendar a tal perícia. Depois de muitas histórias mal contadas e desculpas esfarrapadas, disseram-me para procurar outra opção de plano de saúde, que a operadora MEDIAL não tinha interesse em admitir meu filho, pois trata-se de um usuário, que com certeza, dará mais despesa que redimento.

Fiquei mudo, petrificado, suspenso por um misto de revolta e incredulidade. Que mundo perverso esse que meu anjo resolveu habitar?!

Eu sabia que, se pudessem, as operadoras de plano de saúde recusariam a adesão de velhos, portadores de AIDS, câncer e toda sorte de doença grave. Que não incluíram jamais as crianças autistas, as downs, as portadores de paralisia cerebral e todas as demais com qualquer doença ou incapacidade decorrente de má formação congênita. Sabia, mas não acreditava que fossem capazes de desafiar a lei, especificamente uma lei, a Nº 9.656, de 3 de junho de 1998, que no artigo 14 diz: “Em razão da idade do consumidor, ou da condição de pessoa portadora de deficiência, ninguém pode ser impedido de participar de planos privados de assistência à saúde”. Mas estão impedindo João Victor. Por enquanto, porque vou lutar para que seja admitido. Não será o preconceito tacanho de alguns que determinará as escolhas que hoje fazemos por João Victor nem as opções que ele fará no futuro. Se não reajo, daqui a pouco ele só irá brincar no parquinho no horário de menor movimento, só sentará na mesa mais escondida do restaurante, terá de viver recluso para não chamar a atenção ou não causar “desconforto” aos não downs, tidos sãos, que se acham normais, mas que, na verdade, são pobres, deformados de alma.

É preciso dizer basta enquanto se pode falar, enquanto a boca ainda está livre da mordaça, enquanto estamos de pé. Porque, depois de calarem a nossa boca, quebrarem nossas pernas e nos colocarem de joelhos, será tarde demais. Retomar território perdido é muito mais difícil do que avança na conquista e, mais ainda, do que manter o que já conquistamos.

Gostaria que fosse menos trabalhoso criar meu filho. Mas não troco essa dádiva por nada desse mundo. A alegria que ele me dar suplanta toda a fadiga.

.

.

.