Quarta-feira (22/07) foi dia da consulta de João Victor com a cardiologista. Na ante-sala do consultório ela avisou-nos: “Hoje encaminho ele! Vamos ligar pra Bento e acertar tudo”. Prometido é feito.
Assim que entramos, depois de elogiar o estado clinico de João Victor e confirmar sua decisão de liberá-lo para cirurgia, ela pegou o telefone e ligou para o HCor para falar com o cirurgião, Dr Bento. Como ele estava fora, ela passou o serviço para a secretária dele e nos deixou a cargo de cumprir as formalidades necessárias para o internamento e marcação da cirurgia.
Devido a duas panes, uma em mim e outra na Internet, só no sábado à tarde (25/07) mandei o e-mail que deflagrou, oficialmente, o processo de marcação da cirurgia, que, acredito será em outubro ou novembro próximo, ou antes, espero que não depois.
Eu e Valéria recebemos a decisão da cárdio quase como quem leva um soco no estômago. Quase, porque já prevíamos que nessa consulta teríamos uma conversa definitiva sobre o momento melhor para a cirurgia de correção total, mas não pensávamos que esse momento era chegado.
Mas essa hora haveria de chegar. Ele precisa passar por essa cirurgia, é um caminho que precisamos percorrer, mais cedo ou mais tarde.
Quando eu era criança, morávamos numa rua isolada, que eu achava que fosse o quintal da cidade porque não tinha calçamento, só areia. A Rua do Campo, exprimida entre a Rua nova e o matagal do Sítio Tapuí era onde eu morava. Quase toda noite eu ia pra Rua Nova, era mais movimentada. Ia lá geralmente ver TV ou brincar. Quando voltava, meu tormento era passar no beco que ligava a as duas ruas. Era curto, uns 50 ou 60 metros, porém muito escuro, terrivelmente escuro terrível, sentia calafrios só em pensar na travessia. Mas sempre atravessava, nada me fazia recuar na hora de ir porque eu sabia que vencido o escuro eu estaria seguro. Quando tinha lua eu passava correndo, quando não, ia devagar para não tropeçar, mas sempre atravessava o beco do campo. Era a única forma de chegar em casa e eu queria e precisava chegar em casa, todas as noites.
João Victor precisa fazer essa cirurgia. É o único meio de corrigir os defeitos congênitos do seu coração, de garantir oxigênio de excelente qualidade circulando no seu corpo e, também, tirar de nós essa angústia da espera pra ver tudo resolvido.
Se não há outro meio para alcançar a tranqüilidade e segurança a que a vida dele precisa, é preciso ter coragem e atravessar esse beco escuro. Muito escuro e incerto, mas necessário.
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segunda-feira, 27 de julho de 2009
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