Segunda-feira , fomos ao Recife pegar o laudo médico para dar entrada no TFD ( Tratamento Fora de Domicilio). Como o nome já diz, é uma verba que custeia o transporte do paciente, mais a do seu acompanhante, que faz algum tratamento fora do local onde reside e não tem condições de arcar com a despesas de locomoção. Simples, né? Nem tanto. Conseguir esse beneficio não tem sido fácil.
O primeiro passo é pegar um laudo de hospital público que seja referência no tratamento de da doença de que se está tratando. No nosso caso, tivemos de procurar o PROCAPE. Marcamos a consulta no início de março para o final de abril, mais precisamente dia 27 de abril.
Consulta marcada para as 10 horas da manhã e recomendação para chegar às 9h30. O estresse começa na véspera. Providenciar transporte para o deslocamento Goiana-Recife-Goiana é uma das tarefas que mais me aborrece. Usar ônibus no transporte intermunicipal, nem pensar. A única empresa que faz a linha entre as duas cidades tem uma frota de sucatas sujas, os horários flutuam conforme a demanda de passageiros e o tempo de deslocamento é praticamente o dobro quando comparado ao de um carro de passeio que se arraste na média de 80 Km/h – isso quando não quebram na estrada. Quando não há possibilidade de pegar carona com o Sandro, o jeito é alugar um carro de praça.
Depois de muitos telefonemas, já quase no desespero porque tudo mundo pra quem eu ligava já tinha viagem contratada, conseguimos alugar um táxi aqui. Pegamos a estrada às 8 horas da manhã num calor sufocante e chegamos no PROCAPE perto às 9h30, como programado. Aquilo lá tava uma loucura, não sei como cabe tanta gente num espaço tão reduzido. Pobre é mestre na arte de se apertar.
Lá, um evento pitoresco, desses que só acontece comigo. Estava eu com João Victor no braço e uma senhora, que não sei de onde surgiu, se encantou com ele. Pegava, apalpava o menino dos pés à cabeça enquanto interrogava Valéria a respeito dele. Eu já estava impaciente com aquela pegação toda, que não gosto em ambientes comuns, muito menos na entrada de um ambulatório, feita por uma pessoa que, aparentemente, estava ali pra se tratar de alguma doença. De repente a mulher estende os braços e fala: “deixa eu pegar”. Fiquei imóvel, sem acreditar no que ouvia. Ela, com as mãos quase em cima de nós, repete a frase com acréscimo, “deixa eu pegar essa coisa fofa, me dá!” Eu, tranquilamente, respondi: “não”. A mulher ficou com cara de tacho na minha frente. Ainda tentei explicar que João Victor é cardiopata e tem a imunidade muito baixa, por isso, evitamos contatos o máximo possível como forma de prevenção. A mulher murmurou lá umas coisa q não entendi e sumiu no meio na multidão.
Passado esse episódio, esperamos mais um bocado e entramos na sala da médica por volta das 11h15. A consulta foi bastante demorada. Já conhecíamos a médica, a ela devemos um favor que jamais pagaremos, e foi graças a esse conhecimento que optamos em falar com ela para pegar esse laudo no serviço de saúde pública. Mesmo assim, será muito difícil conseguir o TFD com a justificativa que ela colocou no formulário, pois, segundo as regras do benefício, tem de ser patente o esgotamento das possibilidades terapêuticas na localidade de origem. A médica, limitou-se a recomendar o HCor porque já iniciamos o tratamento lá. Quando sai do PROCAPE, pensei em falar pra ela acrescentar, como justificativa para o TFD, a escassez de recursos daqui. Ela mesma, uma vez, nos falou que, às vezes faltava até água destilada. Eu, durante a internação de João Victor ali, tive de comprar os medicamentos dele numa farmácia porque o PRCAPE não tinha como fornecer. Até por racionamento de oxigênio a gente teve de passar. Enquanto que, lá no HCor, a situação era totalmente inversa, nada, absolutamente nada, em termos de equipamentos e medicamentos, faltava. Tudo chegava às nossas mãos novinho em folha, da melhor qualidade, para uso exclusivo de João Victor.. Mas esqueci de falar isso pra média, talvez, por ato falho, para evitar o confronto com alguém com quem não gostaríamos de nos indispor.
A consulta foi muito demorada, ainda tivemos de esperar ela atender mais dois pacientes para, lá pelas 13 horas, voltar de novo à sala dela para o preenchimento do formulário do TFD. Eu e Valéria fizemos um lanche rápido, João Victor tomou um resto de mamadeira e voltamos para Goiana.
Chegamos em casa beirando às 3 da tarde, cansados, imaginando se, depois dessa epopéia, com aquele formulário, preenchido naqueles termos, a gente iria conseguir as passagens de Valéria.
Ai lembrei da farra das passagens aéreas dos deputados e senadores, que só ontem foi disciplinada depois do “clamor das ruas”. E ainda tinha deputado reclamando que era um absurdo ter de pagar, do próprio bolso, as passagens de sua esposa e filhos. Mesmo assim, com toda “disciplina no uso”, cada deputado de Pernambuco, só pra citar um estado da lista , ai receber 12 mil reais, todo mês, pra gastar com passagem aérea.
No nosso caso, vou ter de levar o laudo na Secretaria de Saúde do Estado, no Recife, e esperar uns 60 dias de tramitação do processo para ver o que eles vão dizer.
O primeiro passo é pegar um laudo de hospital público que seja referência no tratamento de da doença de que se está tratando. No nosso caso, tivemos de procurar o PROCAPE. Marcamos a consulta no início de março para o final de abril, mais precisamente dia 27 de abril.
Consulta marcada para as 10 horas da manhã e recomendação para chegar às 9h30. O estresse começa na véspera. Providenciar transporte para o deslocamento Goiana-Recife-Goiana é uma das tarefas que mais me aborrece. Usar ônibus no transporte intermunicipal, nem pensar. A única empresa que faz a linha entre as duas cidades tem uma frota de sucatas sujas, os horários flutuam conforme a demanda de passageiros e o tempo de deslocamento é praticamente o dobro quando comparado ao de um carro de passeio que se arraste na média de 80 Km/h – isso quando não quebram na estrada. Quando não há possibilidade de pegar carona com o Sandro, o jeito é alugar um carro de praça.
Depois de muitos telefonemas, já quase no desespero porque tudo mundo pra quem eu ligava já tinha viagem contratada, conseguimos alugar um táxi aqui. Pegamos a estrada às 8 horas da manhã num calor sufocante e chegamos no PROCAPE perto às 9h30, como programado. Aquilo lá tava uma loucura, não sei como cabe tanta gente num espaço tão reduzido. Pobre é mestre na arte de se apertar.
Lá, um evento pitoresco, desses que só acontece comigo. Estava eu com João Victor no braço e uma senhora, que não sei de onde surgiu, se encantou com ele. Pegava, apalpava o menino dos pés à cabeça enquanto interrogava Valéria a respeito dele. Eu já estava impaciente com aquela pegação toda, que não gosto em ambientes comuns, muito menos na entrada de um ambulatório, feita por uma pessoa que, aparentemente, estava ali pra se tratar de alguma doença. De repente a mulher estende os braços e fala: “deixa eu pegar”. Fiquei imóvel, sem acreditar no que ouvia. Ela, com as mãos quase em cima de nós, repete a frase com acréscimo, “deixa eu pegar essa coisa fofa, me dá!” Eu, tranquilamente, respondi: “não”. A mulher ficou com cara de tacho na minha frente. Ainda tentei explicar que João Victor é cardiopata e tem a imunidade muito baixa, por isso, evitamos contatos o máximo possível como forma de prevenção. A mulher murmurou lá umas coisa q não entendi e sumiu no meio na multidão.
Passado esse episódio, esperamos mais um bocado e entramos na sala da médica por volta das 11h15. A consulta foi bastante demorada. Já conhecíamos a médica, a ela devemos um favor que jamais pagaremos, e foi graças a esse conhecimento que optamos em falar com ela para pegar esse laudo no serviço de saúde pública. Mesmo assim, será muito difícil conseguir o TFD com a justificativa que ela colocou no formulário, pois, segundo as regras do benefício, tem de ser patente o esgotamento das possibilidades terapêuticas na localidade de origem. A médica, limitou-se a recomendar o HCor porque já iniciamos o tratamento lá. Quando sai do PROCAPE, pensei em falar pra ela acrescentar, como justificativa para o TFD, a escassez de recursos daqui. Ela mesma, uma vez, nos falou que, às vezes faltava até água destilada. Eu, durante a internação de João Victor ali, tive de comprar os medicamentos dele numa farmácia porque o PRCAPE não tinha como fornecer. Até por racionamento de oxigênio a gente teve de passar. Enquanto que, lá no HCor, a situação era totalmente inversa, nada, absolutamente nada, em termos de equipamentos e medicamentos, faltava. Tudo chegava às nossas mãos novinho em folha, da melhor qualidade, para uso exclusivo de João Victor.. Mas esqueci de falar isso pra média, talvez, por ato falho, para evitar o confronto com alguém com quem não gostaríamos de nos indispor.
A consulta foi muito demorada, ainda tivemos de esperar ela atender mais dois pacientes para, lá pelas 13 horas, voltar de novo à sala dela para o preenchimento do formulário do TFD. Eu e Valéria fizemos um lanche rápido, João Victor tomou um resto de mamadeira e voltamos para Goiana.
Chegamos em casa beirando às 3 da tarde, cansados, imaginando se, depois dessa epopéia, com aquele formulário, preenchido naqueles termos, a gente iria conseguir as passagens de Valéria.
Ai lembrei da farra das passagens aéreas dos deputados e senadores, que só ontem foi disciplinada depois do “clamor das ruas”. E ainda tinha deputado reclamando que era um absurdo ter de pagar, do próprio bolso, as passagens de sua esposa e filhos. Mesmo assim, com toda “disciplina no uso”, cada deputado de Pernambuco, só pra citar um estado da lista , ai receber 12 mil reais, todo mês, pra gastar com passagem aérea.
No nosso caso, vou ter de levar o laudo na Secretaria de Saúde do Estado, no Recife, e esperar uns 60 dias de tramitação do processo para ver o que eles vão dizer.
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