João Victor com seus cirurgiões, Dr. Bento e Dra. Magaly (01/2009)
Um dia depois de João Victor receber alta do HCor, estive com o cirurgião que o operou, Dr. Luis Carlos Bento. Mesmo sendo tão ocupado, ele arranjou tempo para me explicar, em detalhes, a cardiopatia e a correção cirúrgica do meu rapaz.
Como disse para ele, Dra. Magaly já nos tinha explicado muita coisa logo depois da cirurgia e também na UTI, mas foram dois momentos em que estávamos muito fragilizados. Só agora, quando vemos nosso rebento fora de risco, é que nos encontramos em condições de compreender melhor a situação.
Pois bem. Dr. Bento foi muito didático, deu-me uma verdadeira aula de cardiologia. Lamentei muito Valéria não ter estado comigo naquele instante. Ela entenderia o que ele falou melhor do que eu porque estudou muito o assunto. Mas, consegui entender o principal.
Ao contrário do que eu havia dito na última postagem que fiz em São Paulo, não existe nada que aponte para necessidade de João Victor fazer outra cirurgia cardíaca. Isso mesmo. Ele está curado, sua cardiopatia foi totalmente corrigida. Eu estava redondamente equivocado a respeito da necessidade de troca de válvula, a médio ou curto prazo.
Em linha gerais, o que Dr. Bento disse foi que na correção da tetralogia de Fallot ( uma das cardiopatias de João Victor) o cirurgião deixa uma válvula cardíaca fazendo a função de duas, por isso, em 30% dos casos, pode ocorrer um aumento importante no tamanho do ventrículo direito e, conseqüentemente, chega-se a um quadro de insuficiência pulmonar. Nesses casos, a recomendação é valvular o ventrículo direito. Mesmo assim, quando isso ocorre, já se passaram mais de 15 anos da cirurgia de correção. Mas, como Dr. Bento fez questão de destacar, em 70% dos casos o paciente tende a adaptar-se à correção e, quando isso acontece, ele NUNCA MAIS precisará de cirurgia cardíaca.
Em resumo: há uma grande probabilidade de João Victor nunca mais precisar voltar a um centro cirúrgico e se, por desventura, precisar colocar válvula, essa necessidade só virá depois de uns 15 ou 16 anos.
Perguntei sobre os cuidados que deveríamos tomar com ele e a resposta de Dr. Bento foi: “deixe ele ser criança. Deixe ele correr, jogar bola, viver como qualquer criança. A cardiopatia foi corrigida.”
Disse, também, que nossas visitas a cardiopediatra irão diminuir gradativamente e, em breve, as consultas vão passar de mensais para semestrais, depois anuais e, por fim, qüinqüenais. Para quem começou com consultas semanais, e ultimamente, batia ponto na cárdio todo mês, pensar em ver médico apenas uma vez a cada 5 anos é um sonho e, ainda por cima, saber que meu filho levará uma vida normal e que dificilmente voltará ao bloco cirúrgico e ao sofrimento da UTI, é como boa música para os meus ouvidos.