quinta-feira, 26 de março de 2009

ESSE SORRISO ILUMINA NOSSO MUNDO


As coisas voltaram à normalidade. Já nos refizemos do susto. A gripe de João Victor está indo embora. Só uma tosse esporádica e a falta de apetite persistem. Fora isso, está ótimo. Já voltou a agarrar e sacudir os objetos que passam perto de suas mãos, em especial os imãs da geladeira e a plaqueta do quarto dele. Isso nos enche de alegria redobrada, pois, nesse final de semana, ele quase sempre estava quietinho, triste.

Tento dá a ele uma vida normal, igual a toda criança. Mas é muito difícil relaxar sabendo dos transtornos que um simples resfriado provoca nele. Imagine, Deus me livre, uma infecção bacteriana. Daí esse minha paranóia por limpeza que inerva Valéria e inspira as piadas de minha vizinha a meu respeito. Mas, porque vejo como ele se recupera devagar das gripes e como elas costumam ser severas, prefiro agir “preventivamente”, bloqueando a chances da doença chegar em vez da exposição e do contato para ganhar resistência imunológica.

A pediatra que nos atendeu no pronto socorro nos deu uma noticia animadora ao falar que com o passar do tempo ele torna-se mais resistente. Ótimo. Assim ele terá me mim mais oportunidades de ganhar mais anti-corpos.

Agora, vendo ele sorrir, tudo fica mais fácil.
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sexta-feira, 20 de março de 2009

PERDIDOS NA NOITE


O dia não foi fácil, a noite não foi melhor. Tivemos de correr com João Victor para a emergência no Recife, com direito a uma breve escala no Hospital de Goiana.

Ele acordou pouco depois de 1 hora da madrugada. Tossindo muito, chorando e ardendo em febre de quase 39 graus. Tentamos de tudo. Anti-térmico, xarope fitoterápico e inalação. Mas nada surtia efeito. Estávamos indo ao desespero, não tínhamos pra quem apelar. Onde íamos conseguir um carro àquela hora.

Valéria lembrou de Daniel , que tem um táxi e quase sempre nos leva ao Recife por um preço camarada. Mas já passava das 2 horas da madrugada. Seria incomodar demais, entretanto, liguei. Ele atendeu do outro lado, com voz de sono, mas com muita boa vontade.

Em menos de 15 minutos checou aqui em casa. Fomos primeiro ao Hospital Memorial daquei de Goiana. O plantonista, depois de ouvir um resumo da história clínica de João Victor, agiu com muita honestidade ao dizer que o máximo que podia fazer era administrar uma medicação para baixar a febre e nos recomendar procurar um pediatra, preferencialmente a de menino, logo cedo. Depois de medicado, corremos para o Recife feito quatro perdidos no meio da noite. No caminha Valéria alferiu a temperatura dele umas 3 vezes: uma gangorra, um sobe-e-desce danado, variando dos 37,2 aos 38 Cº. Naquela agonia, nem sabíamos ao certo para que hospital iríamos. Escolhi pelo livrinho do plano o pronto socorro infantil Jorge de Medeiros.

Foi nossa sorte. Fomos atendidos de pronto às 4 e 30 da manhã por uma excelente pediatra, muito experiente – Dra. Miriam Silvera, que recomendo. Ela nos tranqüilizou mostrando que, clinicamente, não havia nada que indicasse uma descompensação cardíaca , traduzindo, o coração e o sistema respiratório estavam trabalhando direitinho.

Não precisou internar. Ela percebeu que ele estava bem hidratado, pulmões limpos, vias aéreas descongestionadas. Felizmente estávamos cuidando dele corretamente, dando bastante líquido, fazendo nebulização e seringando salsep nas narinas dele.

No fim das contas, não é nada além dum resfriado pesado que noutra criança não inspiraria maiores cuidados, mas que em João Victor deve ser tratado com a máxima atenção para evitar complicações cárdio-respiratórias, entre outras mais.

Voltamos para casa às 6 horas da manhã com uma solicitação de hemograma, uma receita de anti-térmicos para o caso da febre persistir e o firme propósito de voltar ao Recife a qualquer momento se ele não melhorar no decorrer do dia. Na estrada, depois desse susto, a gente de como João Victor movimenta a vida da gente. Pelo menos, de monotonia ninguém se queixa.
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O PEQUENO PRÍNCIPE E O GIRA-SOL


João Victor está muito gripado. O dia não foi fácil pra Valéria. Eu precisei ir ao Recife buscar uma solução para os pepinos que o plano de saúde nos criou e, para evitar transtornos maiores ou até mesmo colocar em risco a vida do nosso pequeno, estamos preparando uma ação judicial. Mas, quando cheguei em casa, meu coração partiu-se ao ver João Victor tão quietinho nos braços de Valéria. Todo amoquecado, como se diz no Nordeste. A danada da virose pegou ele de jeito.

Valéria também não estava com bom semblante. Podera, desde às 6 da manhã que ela tava naquela lide, tentando minorar a tosse e evitar o choro de João. Ela admirou-se de uma das minhas sacolas. Nela eu trousse uma muda de gira-sol que comprei no Pátio do Carmo, no Recife.

Vai cultivar? – ela perguntou. Disse que sim e que tenho predileção por essa flor porque, na minha infância, havia muitas delas no nosso quintal. Bota na mesa da sala – recomendou ela.

Coloquei o vaso na mesa e, depois de tomar banho, botei João Victor no braço. Tava ardendo em febre. Muita tosse, muito choro, uma impaciência sem tamanho. Discutimos se devíamos procurar um médico. Em Goiana nem pensar. Na gripe que ele teve antes da cirurgia, uma médica daqui passou um xarope que quase matou nosso B. Suspendi o uso depois que li a bula e vi que não era recomendado para menores de 3 anos – e João Victor nem tinha 6 meses! Depois de muita relutância minha – por á tinha dado ASS fazia pouco tempo – demos uma dose de dipirona para ele.

Passou um tempinho e Valéria levantou-se com João Victor. Foi ai que ele viu o gira-sol. Encantou-se. Sorria e se estirava para a flor.

Uma nova fábula nasceu, disse Valéria, a fábula do Pequeno Príncipe e o Gira-sol. Impressionante como o estado dele melhorou quando viu essa planta, concluiu.

É, e você que não acreditava na terapia dos florais, brinquei.

Eu não acreditava na gênética, Váléria replicou. Como é que alguém parece tanto com o pai ? -Continuou ela: até a flor predileta é a mesma. Sorrimos.

A parti de então ele ficou mais animado. A febre cedeu e a tosse ficou mais branda. Vez em quando ainda choramingava, mas aquele estado de prostração, que encontrei ao chegar, sumiu.

Agora dorme em tranqüilo enquanto escrevo esse post velando seu sono. Espero que amanhã você acorde curado, meu filho.
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DE VOLTA (POR UM TEMPO) PARA MINHA TERRA


No carnaval, foi só alegria. Graças a uma doação, compramos as passagens de avião e voamos para Missão Velha, no Ceará. Mamãe não se conteve de alegria quando avisei que ia chegar. Ela, coitada, fazia quase dois anos que não via esse filho que vos escreve e ainda não tivera a oportunidade de ninar seu netinho mais novo. Então, quando avisamos, uns 15 dias antes, que chegaríamos lá no dia 20 de fevereiro e ficaríamos até o fim do mês, ela iniciou a contagem regressiva entusiasmada. Foi mesmo uma bênção ter ganho as passagens. Pagar por elas não podíamos e submeter João Victor a 10 horas de ônibus noturno nesse pós-operatório nem passou por nossa cabeça.

Lá foi só felicidade. João Victor amou todo mundo e foi amado e paparicado por todos. Ganhou logo a cama de mamãe para armar sua tenda, pra dormir como um marajá. Viajou pro Juazeiro onde visitou um shopping. EmBarbalha, conheceu um primo que – pasmem, nem eu sabia - também foi operado de tetralogia de Fallot na infância. Pois é, Thiago, agora com 34 anos, tem uma das cardiopatias de meu B. Hoje leva a vida como se nunca tivesse sido operado. Come e faz de tudo, faz mais de 20 anos que não sabe o que ir ao médico. Da cardiopatia só guarda a cicatriz.

Pena que a semana passou rápido. Mas foi bom demais. Voltamos com as malas cheias de cajuína, piqui, muitas guloseimas e o coração repleto de felicidade em saber que temos uma família que nos ama e está sempre do nosso lado, em qualquer situação.
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segunda-feira, 16 de março de 2009

NÃO VAI DOER NADA



João Victor não nasceu em junho, mas é craque em pular fogueira. Percebi isso no HCor. De lá, guardo dois episódios emblemáticos dessa sua capacidade. Um deles foi quando saiu da UTI e, no quarto, estava demorando a fazer xixi. O problema devia-se ao longo período (14 dias) de uso de sonda urinária. Sem a sonda a, o sistema urinário não queria funcionar. Aí a pediatra resolveu fazer uma punção no canal da uretra, que, basicamente, consiste na introdução de uma mangueirinha por onde sai a urina e, depois, com auxilio de uma seringa, fazer a sucção do canal. Depois disso, garantiu a médica, a ele voltaria a urinar normalmente.

Nós tentamos argumentar que seria melhor esperar um pouco mais para ver se o xixi saia naturalmente e assim evitar a dor do procedimento, mas, depois que a pediatra nos chamou a atenção para o desconforto que ele estava sentindo com a retenção da urina, concordamos que o procedimento fosse feito. Só fiquei ao lado do leito até o momento que a auxiliar de enfermagem chegou com o material e iniciou os preparativos. Não tive coragem de olhar ela enfiando aquela mangueira no pinto do meu filho. Virei as costas e esperei o grito. Aí ouvi um grito de susto, que não foi dele, e gargalhadas. Aconteceu o seguinte: quando a auxiliar tirou a fralda e pegou no pinto dele para colocar a sonda, João Victor mandou um jato de mijo em cima dela com direito a algumas gotículas para a pediatra. A outra situação foi aquela que já mencionei aqui no blog, quando ele estava para receber alta e detectaram um derrame no miocárdio que, graças a habilidade dele de pular fogueira, foi tratado e resolvido com medicamentos, quando tudo se encaminhava para uma solução cirúrgica.

Mas recentemente, aqui em Pernambuco, ele livrou-se mais uma vez de sofrer um suplício. Foi numa coleta de sangue para seus exames de rotina. Nós fomos ao CERPE de Goiana, porque lá sempre pegavam a veia dele sem dificuldade na primeira tentativa. Pegavam. Dessa vez foram três furadas, poucas gotas de sangue colhido, maior parte dele coagulado. Depois de chamar um auxiliar do Hospital Memorial, que conseguiu umas poucas gotas de sangue, senhora do laboratório pediu pra gente voltar no dia seguinte para coletar o resto do material. Disse que um médico do Memorial coletaria o sangue de João Victor direto da artéria, já que não estavam conseguindo pegar pelos vasos capitalares. Fiquei curioso porque ela deixou claro que só o médico podia fazer esse tipo de coleta. Em casa, Valéria me lembro que no HCor chegaram a cogitar fazer esse tipo de coleta para medir a saturação de João Victor, que foi descartado pela cardiologista por ser tão doloroso ao ponto de poder provocar uma descompensação clínica.

Foi por causa dessa lembrança de Valéria que resolvi buscar uma alternativa à coleta arterial. Liguei para a central do CERPE para me informar se eles tinham alguma unidade especializada em atendimento infantil. Disseram que sim, no Recife. A moça que me atendeu na central ainda recomendou uma funcionária em particular, Graça, que, conforme comprovamos, tem muita habilidade em lidar com criança. Fomos lá. Graça (essa ai, no pirmeiro plano na foto deste post), cantou canções africanas pra João Victor e depois colheu o sangue na forma convencional, numa única e quase indolor picada.

Voltei ao CERPE de Goiana e, sutilmente, falei pra moças de lá não recomendarem mais essa coleta via canal arterial. Disse pra elas que há casos em que, devido a dor tão intensa, há crianças que defecam durante a coleta. Só uma fez um comentário, tentando amenizar a postura adotada, explicando que só o médico é quem faz esse procedimento, não era elas. Mas, raios, quem recomendava não eram elas? Talvez eu volte a ligar para a central do CERPE. Será que eles sabem que em Goiana optam por uma prática extremamente dolorosa na coleta de sangue das crianças que elas não conseguem pegar as veias?
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